Carisma ou Gameplay: O Que Priorizar em FGO?
Recentemente, uma coisa curiosa me ocorreu enquanto eu navegava nas redes sociais (basicamente, o Twitter) e notei que, nos círculos de Fate/Grand Order existem duas discussões diferentes.
No servidor japonês, na época em que este texto está sendo escrito, está acontecendo o retorno do evento Guda Guda Final Honnoji, cuja estrela, além da Serva Gratuita Nagao Kagetora, é a Serva Avenger Demon King Nobunaga. Enquanto nisso, no servidor norte americano/estadounidense, há uma enorme preparação para a Scatátch=Skàdi,considerada a melhor Support de Quick (meio difícil ela não ser, já que é a única) e diversas opiniões acerca desta personagem. E você me pergunta “o que esses dois têm em comum?” Bom, basicamente ambos os casos giram em torno de um assunto polêmico, que causa enormes discussões online: o “meta” de FGO.
De um lado, muitos jogadores ocidentais do FGO JP afirmam que a Demon King Nobunaga é uma personagem fraca e com gameplay ruim, enquanto os jogadores do NA às vezes endeusam a Skàdi afirmando que ela é melhor personagem do jogo, mesmo não usando exatamente esses termos, porque para alguns, o “meta” dita as regras de Fate/Grand Order. Mas será que importa tanto assim o desempenho de um Servo? E o que é esse tal de “meta” afinal?
Definindo o “Metagaming”
Se você já tem costume de frequentar o meio dos videogames, provavelmente já sabe ou pelo menos já ouviu falar da expressão “metagame”. Metagame pode conter diversos significados, mas aqui é o uso de informações externas ao jogo abordado que supostamente — ênfase no supostamente — dá vantagens no desempenho. O termo surgiu dos RPG de Mesa e trata-se de um conhecimento seu, como jogador, aplicado a um personagem não deveria ter esse mesmo conhecimento, por conta da interpretação. Por exemplo:
Roberto tem um personagem no D&D chamado Harold. Harold é um guerreiro orc, que não possui qualquer conhecimento sobre como derrotar um vampiro. Roberto, empolgado em vencer uma batalha, faz com que Harold enfie uma estaca no coração do vampiro, sendo que quem possui esse conhecimento é Roberto, e não Harold. Isso quebra não só a interpretação de papéis (ou role-playing) como atrapalha na construção de uma narrativa.
Em jogos eletrônicos, é um conjunto de estratégias que tornaram-se recorrentes, e é basicamente uma base de dados criadas pelos jogadores e que definem as tendências do momento. É então que surge o problema: muitas vezes, no caso de FGO, o que poderia ajudar na criação de estratégias transforma-se em uma enorme cagação de regra, onde se você não segue o “meta”, você não sabe jogar. Será mesmo?
Fate NUNCA foi sobre o jogo
A Fate Series é conhecida por sua grande variedade de títulos distribuídos em diferentes mídias, mas todos possuem um objetivo: contar uma história rodeada por personagens marcantes, Servos ou não. É um erro tremendo e comum chamar qualquer trabalho do Nasuverso de “puramente comercial” pelos pseudo-cults (como se alguém fosse idiota o suficiente para não ganhar dinheiro em cima de uma boa ideia) por conta de seus personagens terem algum apelo para certos nichos (tsundere, idol, etc). Obviamente que amor não paga as contas, contudo o gerador de lucro nem sempre são só os visuais legais e marquetáveis, mas sim a qualidade da história ou nível de entretenimento daquela obra.
E FGO não foge dessa linha. Pelo contrário, ele é um dos raros casos onde o “produto mobile” da franquia não se destoa tanto dos seus antecessores, como ocorre com os jogos de Final Fantasy para celulares por exemplo. Grand Order é um típico e autêntico integrante da série, sem parecer alheio aos outros trabalhos desse universo e é justamente pela história e personagens marcantes do Fate/GO que eu jogo há tanto tempo. Outro ponto é que apesar da Fate Series contar com jogos de videogame, eles nunca foram games com o intuito de serem revolucionários em suas mecânicas, apenas são o formato mais conveniente para aquele tipo de história. O maior exemplo para mim disso é Fate/EXTELLA The Umbral Star: apesar de contar com um elenco enorme de Servos e ter bastante foco na narrativa, o jogo em si é o básico do básico de um musou game. A mesma coisa com Fate/EXTRA, onde apesar da história interessante, o jogo é basicamente um dungeon crawler com grinding extensivo. O ponto é que o atrativo de Fate sempre foram suas histórias, e nos caso dos games eles têm uma gameplay competente, mas nada super complexo que exija horas e horas de jogatina para entender.
E Fate/Grand Order é a epítome disso. Jogos mobile tem a tendência de possuírem uma mecânica fácil, amigável, para que qualquer um possa jogar, mesmo os jogadores mais casuais. Junte isso com a popularidade da série e você tem um dos games mobile mais rentáveis já feitos. É óbvio que existem elementos e atualizações que visam melhorar o FGO e suas mecânicas, porém nada para tornar o jogo hardcore ao ponto de você precisar de uma tabela do seu lado o tempo todo ao jogar. Talvez a maior dificuldade sejam as Challenge Quests, mas nada que uma boa e simples estratégia não resolva. A partir de certo ponto da história é que a curva de dificuldade aumenta um pouco, contudo não é nada impossível.
O Mito do “Metagame” em Fate/Grand Order
Você deve ter percebido que quando eu falei do “meta” no Fate eu usei aspas. O porquê disso é bem simples: não existe “metagame” em Fate/Grand Order ou melhor dizendo, o “metagame” em FGO é completamente inútil.
Existem sim tendências dentro do jogo (no começo era Buster, agora o JP vive uma tendência maior de Arts e às vezes Quick) mas um “meta” é uma coisa criada pelos fãs para tirar o máximo de proveito dos Servos mais populares do momento, ou seja, é algo que vem de fora do jogo. A Skàdi criou a tendência de Quick porque ela — até o momento em que este texto está sendo escrito — é a única Caster cujo foco é dar suporte para as cartas Quick. E só. Merlin, Waver e Tamamo não deixaram de ser usados pelos jogadores pela chegada da Skàdi tampouco o FGO ficou desbalanceado por causa dela. Ouso dizer que o Merlin e Waver são suportes melhores que ela.
O problema é que o mito do meta em FGO persegue os jogadores mais veteranos, que acham que precisam rodar em cada novo banner com medo de ficarem “para trás” e confunde os novatos, que se sentem obrigados a rodar em personagens que não gostam porque a comunidade caga regra sobre como você deve jogar o seu jogo. Claro que todo mundo gosta de um Servo forte e consistente, e buffs são sempre bem vindos, entretanto esse não é o foco nem de Grand Order, nem dos jogos de Fate em geral. FGO se auto intitula no evento “All The Statements!” como um RPG Social, e basicamente vocês e seus amigos ajudam uns aos outros seja nos eventos ou no farming do dia-a-dia. Não adianta de nada rodar em um personagem super forte e simplesmente detestá-lo assim como não basta pôr seu Servo favorito em um pedestal e achar que ele é perfeito, porque nenhum Servo é.
Aí que entra a graça de FGO e porque é tão difícil achar uma experiência similar: todo e qualquer, eu disse QUALQUER Servo é usável, com algumas pouquíssimas exceções e, até dentro dessas exceções, existem jogadores que os tornam usáveis. Então quando seu amiguinho taxar seu Servo favorito de ruim, não sinta-se mal por isso. Quer dar Graal para um Servo de 1–3 estrelas porque você ama ele? Vá em frente. Gosta de um SSR considerado mediano-ruim pela fanbase? Tá tudo bem. Pulou um Servo considerado Top Tier porque o personagem que você tanto queria tá perto? Não tem problema.
Eu mesmo tenho como Servo favorito um Saber considerado mediano-ruim (cof cof Arthur Prototype cof cof) e eu não me arrependo de ter colocado ele Nível 100, com Skills no máximo e NP Nível 2. A mesma coisa vale para você que gosta da Maou Nobu, Orion, Altera, Angra Mainyu, quem for. O que vende Fate são seus personagens carismáticos e mesmo que eles não sejam considerados os mais poderosos, jogar com quem você ama não tem preço algum.
Entretanto, é bem legal ver como a comunidade se une dentro e fora do jogo pesquisando, analisando, e ajudando quem tem dúvidas sobre FGO. Acho muito legal quando você pede recomendações de combinações de Servos e pessoas que também jogam respondem na maior paciência possível. Ignorar totalmente a gameplay é uma escolha porém eu acho bom sempre saber que papel um Servo desempenha e como usá-lo nas situações adequadas. No fim eu acabo ligando um pouco para gameplay mas eu raramente rodaria em um personagem só por isso. Certos casos eu uso o critério de ter uma gameplay que caiba ao meu estilo de jogo + eu gostar daquele personagem, mas outros eu só gosto pra caramba do personagem e rodo nele sem culpa.
A Armadilha das Tier Lists
Não cometa o mesmo erro que eu e EVITE A TODO CUSTO confiar em Tier List. Traduzindo para algo como “lista de níveis”, elas ficaram muito populares com a ascensão do Gamepress de Fate/Grand Order (e da ferramenta Tier List Maker) e tem gente que usa como verdade absoluta, mas isso é uma tremenda mentira. Tier Lists baseiam-se única e exclusivamente na opinião da pessoa que a criou, porque você só sabe se um Servo é bom ou não JOGANDO com ele/ela não porque alguém te disse que é bom ou não. Servos são como filmes: você só sabe se gosta ou não vendo por si mesmo.
Após toda essa exposição longa, podemos responder a pergunta feita no título do texto, o que priorizar em FGO? A resposta, se ainda não ficou clara, é o que você quiser. Não existe jeito certo de jogar um jogo que te permite uma gameplay fácil e acessível como Fate/GO. Quer ignorar gameplay? Ignore. Quer dar foco nas mecânicas? Foque. A única coisa que não pode acontecer é ficar empurrando regras inexistentes porque na sua cabeça é da sua forma que TODO mundo deve jogar. E se puder, não ignore a história do jogo, vale a pena até quando é ruim.
Bom, para encerrar, como FGO é um jogo social, eu fiz uma pergunta no Twitter sobre essa questão de gameplay x amor e carinho. Eu tive muitas respostas e por isso não deu para pôr todas aqui, mas eu agradeço a todos que participaram ❤
“Sinceramente meus primeiros rolls foram puramente pra ter um SSR em cada classe de servo, comecei a jogar FGO só pela história e não ligava pra qual seria o servo… Mordred veio no meu primeiro roll e depois de tanto tempo com ela criei um certo amor, agora que fiquei mais próximo do meu objetivo principal, fico dando roll nos servos que me chamam a atenção, e com o tempo lendo os diálogos do jogo também me apaixonei por alguns personagens , ou seja, comecei só pela história e com o tempo surgiu o amor pelos servos. Também sigo a filosofia do “servo te escolher”, e não pensei que ia digitar tanto assim…”
— Zeyfrus (@Zeyfrus)
“Eu rodo e deixo o destino decidir se mereço ou não aquele servo. Independente de eu gostar, achar bonito, game play e etc. Tem o fator necessidade também.”
— ラファエル カンポス コンチ (@CamposConti)
“Eu sempre dou preferência à Waifuismo ou Husbandismo, hehehe. Isso explica o motivo de eu ter upado o Astolfo antes dele ficar um ótimo Rider. Além disso, pretendo upar primeiro a Atalante ao invés da Ishtar: o motivo é o mesmo.”
— Renan @Renanvelocidade
“Rodar por gameplay é m****. A começar que jogar por gameplay é horrível por essa mesma ser mal feita pra cacete. Se quer jogar por gameplay, vc não precisa rodar em gacha de quartz. Tem que rodar pelos personagens que gostar e jogar pra apreciar a história que são o que valem.”
—Bruno Valentim (@ReadTYPEMOON)
“Meus rolls são só por personagem que gosto. E de vez em quando roll porque deu vontade de dar roll.”
— Morgaine (@luminosombra)
“O ideal seria que você goste do seu servo e ele seja forte, mas não é como se o jogo fosse tão difícil ao ponto de você precisar SEGUIR o meta. Acho bem mais interessante conseguir um servo que eu realmente goste, seja por aparência, ou pela história do personagem.”
— João César (@JohnnyCesar2001)
“Eu particularmente rollo por amor 90% das vezes, ao menos poupo meus sq pensando nos meus preferidos. Mas algumas vezes penso na gameplay também.”
— Liz (@Grimmlizz)
“Eu rodo 50% por ganância de querer muitos servos, 40% por amor a um específico, 9% por gameplay e aquele 1% vem da pressão social de ter um Waver/Skadi.”
— Kishtar (@_shae_lyn_)
“Acho que amor e carinho. Gameplay até vai, mas não adianta você ficar bom no jogo e não ficar feliz com as escolhas que fez. Eu só jogo essa coisa por causa dos personagens que peguei.”
— Deus da entrega Yato! A seu serviço (@VihDeneb)
“O amor ao jogo por mim vem pelos personagens e um pouco a fanbase em si, mesmo ela sendo beem burra. A gameplay do jogo é medíocre a pior e o meta do FGOnão tem variedade alguma nem de set nem de estratégia.”
— Ludwin (@Ludwin2501)
“Rodar por o que você se sente mais confortável é o ideal, é um jogo que te permite jogar como bem entender, eu mesmo rodo por vários motivos, se o servo vai me ajudar, gostei da personalidade, da roupa, animação, skills e outras coisas mais. O jogo permite que qualquer pessoa tenha seus gostos representados, assim a gente pode rodar por o que for mais atrativo.”
— Lucas ou Tatsuma (@lucasttsm)
“O melhor é rodar no que der na telha. Seja gameplay ou waifu. Se eu tiver afim de gastar eu gasto os quartz e é isso, não é como se eu precisasse de servos novos pra continuar jogando a história, então é lucro independente de qual vier haha”
— Jiko Ken’o (@Chron025)
“Rodar por amor é oque há, sinceramente dá pra usar qualquer servo se você upar ele direitinho.”
— Luquinhas Miyamoto (@lucaszapkkk)
“Eu realmente queria fazer roll só por amor, mas não tenho muito tempo livre pra jogar no geral, então Waver, Merlin e Skadi me ajudariam muito, porque com eles eu posso fazer 3 turn em farm. Por isso, faço rolls em meta também.
Emishtar (@Emishtar1)
Então é isso. Espero que tenha lido tudo aqui até aqui e que tenha gostado desse texto.
Até a próxima! E fiquem bem.
Fontes sobre Metagame: