Final Fantasy XV: Um Conto Sobre Irmandade e Destino (Análise)

Paladin Allvo
18 min readMay 26, 2020

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Meu contato com Final Fantasy é mais de uma admiração à distância do que de fato ter jogado muitos de seus jogos. Meus títulos de maior interesse são os da era PS2 (FFXII, FFX e FFX-2), joguei um pouco do remake do FFI e do FVII original, além de FFXV e FFVII Remake serem alguns dos motivos que me levaram a comprar um Playstation 4.

Final Fantasy XV é um jogo que em mim criou certa expectativa desde a E3 de 2016 e após anos (literalmente) pude pôr minhas mãos na versão Royal Edition graças a uma generosa promoção de fim de ano da Playstation Network no final de 2019. Porém, li diversas críticas a respeito e grande parte da fanbase de FF o taxa como um “patinho feio” junto de Final Fantasy XIII.

É inegável que a produção de FFXV foi extremamente conturbada. Começou como Final Fantasy Versus XIII que iria se passar no mesmo universo da Lightning e Cia, daí virou um jogo da série principal ao lado de XIII e XIV. Além dos atrasos e trocas de diretor, parte do conteúdo do jogo foi vendido em DLC ou adaptado para outras mídias como a minissérie em anime Brotherhood e o filme animado Kingsglaive. Com todos esses pormenores e as críticas negativas em todo o lugar, pensei: “será que de fato o game é tão ruim assim?” Então eu comecei a jogar e fiquei maravilhado com o mundo, os personagens, trilha sonora e até a história.

Quatro Amigos e um Carro Viajante

Na história de Final Fantasy XV, somos apresentados a quatro amigos: Noctis Lucis Caellum, o príncipe herdeiro do trono de Lucis e protagonista do jogo, Gladiolus Amicitia, o grandão do grupo que usa armas pesadas para causar mais dano; Ignis Scientia, um serviçal especializado em cozinha e proeficiente no uso de adagas e por fim Prompto Argentum, um plebleu otimista e brincalhão que adora tirar fotos, utiliza pistolas em combate e é o melhor amigo de Noct. Eles viajam de sua terra natal para realizar o casamento real que supostamente fortalecerá os laços entre Lucis e Nifilheim, que vivem em um eterno conflito político.

A química do quarteto é simplesmente sensacional. A forma como os quatro brincam entre si, encorajam uns aos outros em combate, se importam uns com os outros é muito natural. São esses laços de amizade que ajudam Noct a continuar na jornada, onde há momentos em que o príncipe duvida de sua própria capacidade. A Square Enix poderia facilmente cair na armadilha de usar arquétipos batidos de anime mas resolveu dar a cada um traços de personalidade e conflitos próprios.

Noctis é despreocupado com suas obrigações e vê seu casamento mais como dever do que de fato algo que ele faria por amor. Entretanto, após a traição do Império de Nifilheim, o jovem precisa se tornar adequado ao título de Rei Escolhido, aquele que irá salvar Eos das trevas, além de começar a repensar seu relacionamento com Lunafreya. Quando tudo parece ter se ajustado, Noct passa por mais uma perda e o garoto põe seu papel em jogo, sem ter certeza de que cumprirá seu destino. Mas com seus amigos dando apoio, o rapaz segue em frente, com determinação para atender ao chamado dado a ele pelos deuses.

Gladiolus — chamado carinhosamente de Gladio — é o típico “homem de aço”: forte, resiliente, não se deixa abalar pelas suas emoções e acaba servindo como âncora para trazer Noct de volta aos trilhos. Embora não admita, tem suas inseguranças e em Episode Gladiolus vemos o personagem lutando contra elas. Gladio paga de durão porque ele precisa ser assim, por conta de sua posição como Escudo do Rei.

Ignis é o cara “frio e calculista” à primeira vista mas a grande verdade é que ele é um pessoa que se importa com os outros ao seu redor e isso é refletido nas refeições que produz para o grupo, sempre balanceadas em nutrientes sem perder o sabor. Ao invés de frio, dá para definir Iggy como alguém responsável e cauteloso, talvez por conta da família Scientia treinar seus membros para serem serviçais de primeira linha. Depois das sequelas da batalha de Altissia, Ignis se vê obrigado a aprimorar ainda mais, ultrapassando seus próprios limites para continuar servindo ao seu rei.

Por último, Prompto é o rapaz otimista e adora fazer piadas tanto quanto gosta de tirar fotos da jornada. Apesar de ter esse jeito brincalhão e descontraído o tempo todo, o rapaz na verdade sofre de um imenso complexo de inferioridade, chamando a si mesmo de inútil algumas vezes. De todos, o Prompto se tornou meu favorito talvez por eu me identificar com ele — especialmente na parte sobre o complexo de inferioridade.

O mais atraente é como essas quatro personalidades tão diferentes casam bem umas com as outras. A “química” dos quatro amigos é muito bem trabalhada o jogo inteiro, seja nas viagens de carro, seja nos acampamentos após um longo dia de trabalho fazendo missões ou nos alojamentos locais para descanso. Pela primeira vez jogando um RPG, eu senti que os protagonistas não eram só uma equipe com uma missão, eles são amigos de fato, se encorajando, se zoando, sendo solidários uns com os outros. Eu lembro de já ter amado esses quatro antes de atingir dez horas de jogo.

Outro destaque que precisa ser mencionado são os Astrais e o vilão, Ardyn. O primeiro grupo são basicamente as invocações da franquia Final Fantasy, mas com um porém: aqui eles são os deuses de Eos e ajudam o Rei Escolhido em sua empreitada. Eu adorei a ideia de transformar as summons em divindades, dando a eles mais papel do que somente mecânicas de gameplay. Em particular, eu amei a Shiva do XV, não só por ser a minha invocação favorita, mas também por ela ter um papel bem importante desde o começo.

Já o Ardyn é um vilão surpreendentemente bom. Carismático e extremamente bem escrito, ele se faz de aliado e trai nossos heróis a todo momento, além de ter se mostrado uma digna ameaça no panteão de vilões de Final Fantasy principalmente por sua luta não envolver uma forma final monstruosa. Sua história de origem está intrinsecamente ligada às origens de Lucis e da sociedade atual de Eos, conforme abordado em Episode Ardyn.

Apesar disso, os personagens secundários são o ponto mais fraco do jogo. Eles não recebem desenvolvimento nenhum e não passam literalmente de NPCs amarrados a “arquétipos de personagem”. A Cindy é a mecânica com sex appeal e toda a personalidade dela é baseada somente pelo seu amor por mecânica. O Cid basicamente está lá só para explicar coisas e aprimorar suas armas, sendo que pela ligação dele com o pai de Noctis, era para no mínimo o príncipe enxergá-lo como um avô ou tio-avô. Iris, a irmã mais nova do Gladio, faz uma rápida ponta na história e deixa a entender que gosta do personagem principal, mas é só isso.

Mas de todos os secundários, quem mais sofre dessa falta de desenvolvimento é a Lunafreya. Era para ela ser uma personagem muito importante no enredo, mas tudo o que ela faz na história é agir como recurso pro roteiro andar. Tem momentos bons dela sim, mas da forma apresentada, merecia muito mais destaque, tanto quanto o Noct. É uma pena, porque o potencial da personagem foi desperdiçado muito rapidamente.

Apesar de sacrificar o tempo de tela dos secundários, nota-se que todo o esforço da equipe foi no desenvolvimento dos quatro rapazes. Afinal, se nem os protagonistas fossem interessantes, de nada adiantaria bons secundários.

Entre Deuses e Reis

Atenção: esta secção possui spoilers da história de Final Fantasy XV. Avance o texto caso não tenha terminado a campanha principal ou não tenha jogado.

Final Fantasy XV começa quando Noctis, Gladiolus, Ignis e Prompto saem de seu reino natal, Lucis, para levar o jovem príncipe até Lunafreya, a Oráculo, em Altissia, com o intuito de apaziguar os conflitos entre as duas nações de Lucis e o Império. As coisas parecem andar bem, até que de forma inesperada, a capital de Lucis, Insomnia, é atacado pelas forças imperiais, comandadas por Ardyn Izunia. Agora, Noctis deverá embarcar em uma jornada para se tornar rei, obtendo assim o poder dos antigos monarcas e dos misteriosos Astrais, os deuses de Eos e também as famosas Invocações típicas da série Final Fantasy.

Apesar de FFXV trabalhar com o clichê de “o escolhido”, extremamente comum por conta da Jornada do Herói de Joseph Campbell, o enredo consegue ser emocionante e coerente. Nada em FFXV parece ser forçado ou por acaso, apesar de haver momentos extremamente convenientes, estes são bem raros. Uma coisa que acho fantástica é que o Noctis não é o Rei Escolhido porque a história precisa, o rapaz prova seu valor por meio das suas ações e toda a jornada do príncipe mostra seu crescimento.

Outro ponto positivo é o fato da história não ter foco excessivo somente no protagonista. Muitas das vezes, alguns JRPG possuem a tendência de elevar demais a importância do personagem principal, contudo, na maioria dos jogos de Final Fantasy (até onde eu sei) a história é sempre sobre o grupo. FFVII, por exemplo, não fez sucesso só por causa do Cloud, mas porque toda a AVALANCHE é feita de ótimos personagens principais e XV não é diferente. Cada um deles tem espaço para ser desenvolvido e ouso dizer que a trama se sustenta graças ao grande sentimento de amizade entre esses personagens, já que o relacionamento entre eles é extremamente natural.

Entretanto, apesar da história ter momentos interessantes e emocionantes, FFXV peca em dois fatores: parte do conteúdo estar distribuído fora do jogo principal e o ritmo muito acelerado dos acontecimentos.

Em relação ao primeiro ponto, alguns dos eventos da narrativa poderiam levar mais tempo para serem desenvolvidos. Não leva mais do que alguns poucos capítulos para Isomnia cair e a morte do Rei Regis acontecer, e estes eventos são contados em Kingsglaive: Final Fantasy XV (a Square Enix ainda teve a cara de pau de usar cenas do filme no jogo). Eu gosto muito dos episódios focados nos personagens mas custava colocar o conteúdo deles no jogo principal, sem precisar pagar conteúdo extra por isso? Mesmo tendo a Royal Edition, é necessário comprar o Episode Ardyn em separado para poder jogá-lo. O desenvolvimento conturbado do jogo contribuiu para isso, pois FFXV ficou dez anos em desenvolvimento e no fim a única alternativa para terminar a história a tempo foi lançar os eventos extras em DLC, uma vez que a campanha principal leva pelo menos 40 horas para ser completada sem fazer as missões paralelas.

Já sobre o segundo ponto, o jogo apresenta sua história de forma um pouco apressada, sem dar tempo para desenvolver mais certos personagens secundários ou até mesmo dar uma pausa mesmo que breve na missão épica. Essas pausas são dadas pelas missões secundárias mesmo e fica a cargo do jogador querer dar uma pausa ou não na aventura grandiosa do Rei Escolhido. Contudo, senti falta de mais momentos descontraídos dentro das missões principais, onde os heróis precisam fazer coisas triviais para avançar na história sem ser dentro do conteúdo extra.

Apesar de tudo isso… a rota final faz toda a jornada valer a pena. O clímax da história começa após a morte de Lunafreya e após uma emboscada do império, inicia-se toda a jornada que dá início à preparação para o último ato, que leva ao desaparecimento de Noctis por dez anos e seu reencontro com os colegas. O capítulo 14, iniciado com a ida para Insomnia indo até a luta contra o Ardyn é muito bem feito e épico, criando assim uma reta final digna de um jogo de fantasia. Apesar de faltar desenvolvimento, a Luna tem uma grande participação (como espírito) na última batalha. Outro destaque vai para as lutas contra os espíritos dos antigos reis corrompidos, onde cada membro da equipe principal tem seu momento de brilhar.

A luta final contra Ardyn é bem interessante partindo de um ponto de vista geral, porque aqui o antagonista não possui uma “forma final monstruosa” porque a história já faz do vilão um monstro. É de fato, como descrito pelo antagonista, uma luta entre reis, sem truques sujos ou trapaças, onde um integrante da linhagem real enfrenta o outro com as mesmas armas. Eu fiquei pasmo ao ver que Ardyn também tinha seu próprio conjunto de armas reais. O desfecho é trágico e corajoso ao fazer o personagem principal sacrificar sua vida para salvar o mundo.

As DLCs aprofundam ainda os outros três personagens principais e o vilão Ardyn. Episode Gladiolus nos apresenta uma aventura solo do grandalhão, onde após ser derrotado por Ravus, ele parte em uma jornada em busca da aprovação no teste de Gilgamesh para ficar mais forte, enfrentado suas inseguranças no caminho. Episode Prompto tem uma gameplay mais focada em armas de fogo e mostra mais do lado frágil do Prompto, além de explicar melhor sua origem como um experimento científico. A DLC de Iggy, Episode Ignis, mostra os eventos após a luta contra a Leviathan em Altissia, além de desenvolver mais o Ravus e nos mostrar como Ignis perdeu sua visão.

Por fim, Episode Ardyn dá o devido destaque ao grande vilão e torna o que já era bom ainda melhor. Com uma história trágica de traição e perda, Ardyn tornou-se um ser consumido pela escuridão e agora a luz que salvava transformou-se nas trevas que absorvem memórias e tiram a vida de quem o Rei Caído toca. De fato, um antagonista digno de Final Fantasy.

Sinceramente, para mim os capítulos de Ardyn e Ignis são os melhores, enquanto que a DLC do Gladiolus deixa um pouco a desejar e a do Prompto é a mais fraca das quatro, mesmo com o grande desenvolvimento do personagem. No final, o enredo do game é bom, porém, é necessário jogar as DLC para ter complemento total da história.

Das mídias externas, o filme Kingsglaive mostra a queda de Insomnia e Brotherhood conta histórias pararelas dentre os quatro principais. Ambos são opcionais, mas caso você queira mais informação, assista se quiser. Não são obrigatórios para entender a história do jogo.

Bem Vindo a Eos

Se tem um personagem tão interessante quanto os quatro protagonistas é Eos, o mundo onde a história se passa. O que eu acho mais fascinante sobre ele é que ao mesmo tempo em que existem reis, deuses e magia, há também a proximidade contemporânea de nosso próprio mundo. As pessoas andam de carro, reclamam do clima, têm seus negócios e estilos de vida próprios. Aqui, a fronteira entre magia e ciência é muito fina e ambas misturam-se formando uma coisa só. Diferente de FFVII onde a tecnologia torna a magia mais científica ou o próprio Final Fantasy I que vai pelo lado totalmente medieval, XV é um híbrido entre ambos. Além disso, a história concilia bem a origem divina e tecnológica daquele universo, onde os deuses lutaram em uma batalha conhecida como A Guerra dos Astrais e as sequelas do embate deram origem a diversas regiões do planeta.

Apesar de já ter visto críticas sobre o mundo de FFXV ser “moderno demais”, eu gosto bastante de como Eos transita entre a fantasia e a tecnologia dos nossos tempos, dando uma identidade única para o local onde a narrativa acontece.

As Batalhas de um Rei

Agora que já tratamos de toda a parte de narrativa e personagens, vamos adentrar na parte técnica do jogo. E um tópico em especial merece destaque: o combate.

Final Fantasy XV, diferente dos jogos anteriores que possuíam combates em turnos ou usavam um sistema híbrido de ação e turnos, é totalmente focado no estilo Action RPG, onde as lutas são em tempo real. Não existem mais os encontros aleatórios famosos dos jogos clássicos, o embate tem início quando, andando a pé ou de Chocobo, Noctis e sua galera passam perto de território demoníaco e uma linha vermelha acima da tela indica o nível de percepção do monstro. Quando preenchida, as batalhas começam.

Por ser focado no ação, FFXV tem um sistema de contagem de golpes e uma pontuação baseada no seu desempenho em combate, avaliando sua Furtividade, Eliminações e Tempo, sendo a maior nota A+. Já o combate é simples, foque em um dos inimigos apertando o botão de ombro direito do controle e aperte o botão de ataque; ou você pode segurar esse botão e Noctis atacará sozinho, sendo necessário contudo que você pressione o botão de ombro esquerdo para bloquear ataques vindos por outros inimigos. Existe um mito sobre ser possível “vencer qualquer batalha apenas segurando um botão” e não podia estar mais errado. Embora sim, o game tenha jogabilidade focada em “esmagar botões”, é inegável que vencer só usando o botão de atacar não passa de uma grande mentira.

Além das habilidades de Noctis, como a Translocação Ofensiva (warpstrike no original), o jogador também pode utilizar as técnicas dos amigos em combate ao apertar o gatilho inferior direito e selecionar a técnica com os botões direcionais. Elas são extremamente úteis em combate e ajudam muito nas lutas contra os chefes. Eu mesmo usei a Tormenta do Gladiolus e a Perfuração do Prompto diversas vezes em batalha. Por fim, a experiência do jogador não é computada imediatamente, sendo acumulada ao longo do dia e computada em locais de descanso ou nos acampamentos.

Apesar de simples, demora bastante tempo para se acostumar e o fato de você precisar segurar o botão de foco é bem inconveniente. Além disso, batalhas com mais de seis inimigos na tela mostram-se extremamente caóticas, fazendo as lutas virarem uma verdadeira bagunça. Em combates mais difíceis me vi cercado por diversos inimigos e gastando trocentos itens de cura para evitar a morte do Noct, já que ele perdeu todos os pontos de vida simplesmente por ter tomado um ataque com dano estupidamente alto vindo de não sei onde.

Mas para mim a pior parte do combate é o sistema de magia do jogo. Em títulos anteriores, a magia ficava a cargo de um ou mais membros da sua equipe. Por exemplo no Final Fantasy original, havia o Black Mage para lançar magias ofensivas e a White Mage para feitiços de suporte, como curas e remoção de status negativos. O único a fugir mais dessa lógica é o VII, onde todo e qualquer personagem pode usar magia graças ao sistema de Matérias, que possuem certa importância na trama,mas no fim era exatamente igual ao sistema dos antecessores. No XV as magias são itens consumíveis, sendo necessário que Noctis extraia energia do fogo, gelo e raio, além de um item para servir como catalisador para criar os ataques mágicos, que só podem ser usados de acordo com a quantidade de feitiços criados. Não bastando a pachorra de ser consumível, a magia ainda dá o ar de sua graça de ser praticamente um sistema de “fogo amigo”, ou seja ela atinge sim seus inimigos, mas também os aliados de Noctis.

A ausência de feitiços curativos também me incomoda porque nem sempre os itens de cura estão disponíveis e uma magia que restaura o PV os aliados é sempre bem vinda. Até dá para aplicar cura ao usar uma magia, mas o propósito ainda é puramente causar dano e a única personagem cujas técnicas curam seus aliados, a Iris, tem uma passagem muito breve pela história então não há tempo para aproveitar.

A solução que encontrei foi ignorar totalmente esse sistema e só usar em casos de emergência, ou seja contra inimigos muito poderosos ou chefes difíceis. Uma pena, porque magia sempre é um trunfo dos combates de Final Fantasy. Pelo menos dá para acostumar a lutar sem magia, mesmo que isso torne certas batalhas mais desafiadoras.

As Diversões de Um Príncipe

Final Fantasy não é Final Fantasy sem alguns extras por pura e simples diversão. Em FFXV existem algumas mecânicas extras que merecem seu destaque.

A primeira delas é o magnífico Regalia. Herdado por Noctis de seu pai Regis, o possante é uma excelente forma de transportar seus aliados pelas estradas de Eos — além dele ser lindo. O carro é completamente customizável pelo jogador, podendo alterar a cor, bancos e rodas, além da possibilidade de aplicar decalques parciais ou totais na carroceria do veículo. Embora meios de transporte não sejam novidade na série, é interessante ver um carro com configurações comuns, incluindo gasolina, retratado em um jogo da série principal.

Minha customização do Regalia original no jogo. O prata ficou muito bonito com as listras pretas, além dele ter ficado parecido com um Camaro SS.

Mas o Regalia não pára só na sua versão original. Existem mais duas versões do carro que podem ser obtidas no jogo: o Regalia Type-D transforma o veículo em uma monstruosidade de rodas enormes projetadas para qualquer terreno (basicamente, um monster truck) que possui a capacidade de saltar e sair das estradas. O Regalia Type-F pode ser obtido apenas no pós game e tem como funcionalidade principal a capacidade de voo, além de gasolina infinita!

Junto ao Regalia, temos os Chocobos como forma de transporte. Uma das marcas registradas da série, estes pássaros amarelos fizeram sua estreia em Final Fantasy II e permanecem até hoje (eles têm até seu próprio jogo!). Diferente de outros jogos, os Chocobos não podem ser usados para sempre, é necessário alugar os bichinhos por um valor fixo de Gil por um período determinado de tempo, sendo o máximo de sete dias. Após fazer uma missão para liberá-los, as aves estarão ao seu dispor para alugá-las por toda a Eos, basta encontrar um posto de locação e tal qual o Regalia, podem ser customizados com cores e medalhas. Para missões paralelas e caçadas, andar de Chocobo até seu destino é a melhor escolha.

Por fim, existem quatro “habilidades”, que estão mais para hobbies dos personagens principais: Pesca com Noctis, Sobrevivência do Gladio, Culinária de Ignis e Fotografia do Prompto. A Pesca te permite fisgar peixes e possui um sistema único somente para tal. O príncipe pode pescar por pura e mera exibição ou pode usar os peixes como ingrediente em receitas feitas por Ignis.

Já a Sobrevivência permite a Gladio coletar itens que são úteis para a equipe. A forma de adquirir experiência nessa habilidade é simplesmente andar a pé por longas distâncias. Culinária permite a Iggy cozinhar pratos que dão vantagens para os aliados como aumento de vida e HP, o que é muito útil para lutas mais desafiadoras. Por fim, a Fotografia são as fotos tiradas por Prompto na jornada e como o jogo gera imagens automaticamente quando os heróis descansam, essa vai ser a habilidade mais rápida de atingir o nível máximo.

Gráficos e Trilha Sonora

A engine usada em Final Fantasy XV é a Luminous Studio da própria Square Enix, que deu lugar à Crystal Tools usada em Final Fantasy XIII. O jogo tem gráficos bem bonitos e competentes, entretanto, alguns ângulos de sombreamento ficam bem estranhos e às vezes a textura de certos objetos carrega somente ao aproximar a câmera (especialmente quando o Ignis serve comida) mas no geral isso acontece poucas vezes. FFXV tem gráficos bons, não deixando a impressão de um jogo ultrapassado visualmente.

A trilha sonora ficou a cargo de Yoko Shimomura e ela é espetacular, digna de um jogo da série. As músicas de fundo, de batalha e dentro da história são ótimas e transmitem bem a sensação que a história quer passar. Uma boa trilha sonora sempre deixa uma obra audiovisual muito melhor e aqui não tem nenhuma reclamação. Meus temas favoritos são Stand Your Ground e Rodeo of Chocobo, e também gosto bastante de Stand By Me, cantada pela banda Florence and The Machine.

O Veredito

Final Fantasy XV é uma experiência curiosa. O jogo passou por problemas de produção, teve parte de sua história dividida e houve troca de diretores no processo. Mas mesmo com todas as imperfeições do combate e da história, eu me apaixonei perdidamente pelo jogo desde seu início. Os tropeços de FFXV são compensados com mecânicas divertidas, muito conteúdo extra, personagens principais e vilão marcantes, um mundo fascinante e rico, e uma história que mesmo imperfeita, ainda é boa. Para quem quiser começar em FF ou simplesmente não terminou muitos jogos (como eu), é uma ótima pedida. Para os fãs mais tradicionais da série, releve os erros e exalte as qualidades. Em um mundo tão exigente quanto o nosso onde se não sai perfeito logo é ruim, acabamos por ignorar as qualidades. Você só sabe se gosta ou não de FFXV jogando.

Prós

  • Personagens principais marcantes
  • Vilão muito bem escrito
  • Mundo fascinante e interessante
  • Boa trilha sonora
  • Gráficos bons
  • Muitas horas de conteúdo e missões extras
  • Mecânicas extras muito divertidas
  • História emocionante e cativante
  • Belas animações de invocação

Contras

  • A história tem ritmo acelerado demais
  • Conteúdo de história fora do jogo principal
  • Combate difícil de se adaptar e levemente repetitivo
  • Péssimo sistema de magia
  • As invocações são ocasionais
  • Personagens secundários com pouca atenção

Vale a Pena? Vale, mas espere algum desconto na Royal Edition. O Episode Ardyn deve ser comprado em separado, por não estar incluso nesta versão.

Bom, se você conseguiu ler até aqui, espero que tenha gostado! Esse texto exigiu bastante trabalho e a jornada finalmente deu frutos. Por conta dos tópicos que eu queria abordar o texto ficou enorme, mas estou satisfeito com o resultado e espero que você também.

Vejo vocês na próxima! E fiquem bem.

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Paladin Allvo
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Written by Paladin Allvo

Brasileiro fã de anime, mangá, joguinho e quadrinhos. Escrevo as coisas que penso e/ou vivencio.

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