O Maravilhoso Mundo dos Mangás

Paladin Allvo
16 min readJun 22, 2021

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Se tem uma coisa que parecia ser ignorada pelo otaku brasileiro alguns anos atrás era a cultura de se ler mangá. Os mangás (palavra japonesa que significa “desenhos involuntários”) eram normalmente tratos com desdém, por conta de seus aspectos peculiares e em torno de muitos equívocos, muitos só buscavam o mangá em dois casos: quando a adaptação em anime era uma atrocidade e o material fonte ainda se mostrava a melhor alternativa, ou para continuar a história daquele shounen novo na praça, tendo em vista que naquele tempo, era muito comum o cancelamento da adaptação em anime ou a criação de finais originais, como por exemplo Soul Eater e Fullmetal Alchemist 2003.

Felizmente essa mentalidade tem mudado e hoje existe uma cultura de ler mangá sem estar atrelado a algum anime, porque no fim do dia, uma adaptação em anime acaba sendo uma vitrine para o material fonte, sejam eles os quadrinhos ou as light novels, os famosos livros escritos por escritores amadores.

Porém, alguns ainda mantém essa linha de pensamento dos Anos 2000/2010, o que difere de preferência. Está tudo bem você preferir assistir anime a ler mangá, às vezes é só um gosto seu mesmo. Eu assisti muito anime quando estava na adolescência mas de uns tempos pra cá eu ando lendo mais mangá.

Porém, se você ainda acha que essa mídia não tem a mesma graça de uma animação,o foco do texto de hoje é mostrar a você, que não curte muito ler, o porquê de mangá ser uma coisa tão bacana.

Uma Arte Cheia de História

Demorou muitos anos até o mangá chegar a forma como o conhecemos. Suas origens datam do Século VIII, com o emakimono, rolos de papel com textos e imagens cuja progressão se dava com o desenrolar do pergaminho. Deste gênero as obras mais famosas são Genji Monogatari, escrita por Murasaki Shikibu e Chougiga, considerado o emakimono mais antigo já registrado e considerado o ancestral do mangá.

Com a chegada da Segunda Guerra Mundial, a influência ocidental fica cada vez mais forte no território japonês. Por conta do Japão ter ficado do lado do Eixo e devido aos ataques atômicos a Hiroshima e Nagasaki, os EUA e a Europa entraram—de forma negativa e positiva—na cultura nipônica após o conflito armado. Em especial, um artista em específico deste período ajudou a estabelecer as bases do mangá moderno: Osamu Tezuka.

Apesar do termo “mangá” ter sido difundido pelo artista Katsushika Hokusai, famoso pelo seu estilo naturalista e por seu quadro “A Grande Onda de Kanagawa”, foi Tezuka que estabeleceu o estilo dos mangás pós Segunda Guerra. Influenciado pelos cartoons dos Anos 1930–1940 como Tom e Jerry, onde os personagens têm estilos mais caricatos e exagerados, o mangaká criou diversas obras que serviram de inspiração pelas décadas posteriores.

Mangás como A Princesa e o Cavaleiro, Tetsuwan Atom (conhecido no Ocidente como Astro Boy)e Kimba o Leão Branco ajudaram a estabelecer o estilo de arte da maioria dos quadrinhos japoneses: olhos grandes para aumentar a expressividade, arcos que se fecham em uma única publicação e claro, momentos e cenas melodramáticas influenciadas pelo teatro japonês de épocas anteriores. Essa carreira de títulos famosos e influentes renderam ao artista o título de “Deus do Mangá”, que apesar de bem exagerado, é compreensível. Sem Tezuka e seu estilo único, talvez os mangás teriam tomado um rumo completamente diferente do atual.

Nota-se que, por conta do auge de Tezuka ter acontecido nos Anos 1950 e 1960, as obras das décadas seguintes, mesmo que tivessem temas mais pesados e sombrios, possuíam bastante influência do estilo do artista. Podemos observar isso em Ashita no Joe (1968) e Devilman (1972), que apesar de abordarem temas adultos e violentos, possuem um pezinho no estilo de arte do Deus do Mangá.

E isso é só um resumo de todo o histórico do mangá. É um estilo de arte datado de antes mesmo do Japão Feudal, que sofreu influências da própria cultura do Japão e do Ocidente. Por isso eu adoro as HQs americanas e mangás porque, apesar de ambos terem influência do formato europeu, eles seguiram rumos diferentes por conta dos fatos históricos e cultura de cada país. Enquanto que as HQs ocidentais criaram ícones inesquecíveis que nunca saíram de nossas mentes e ganham camadas novas de acordo com quem escreve — algo similar aos personagens e contos da Mitologia GrecoRomana — o Japão cria heróis de seu tempo que refletem as tendências de sua época. Um exemplo claro disso é que enquanto nos Anos 1980 os protagonistas de mangá shounen eram homens adultos e musculosos explodindo de testosterona, os mangás dos Anos 2000 eram mais próximos dos adolescentes que fazem parte do público alvo, porém seus visuais eram carregados no estilo e cheios de detalhes para serem o mais maneiro e descolado possível. Essa diferença cultural e construção histórica é uma das coisas que tornam o mangá tão fascinante.

Uma Diversidade Gigantesca de Histórias

Assim como os animes, os mangás possuem muitas, mas muitas histórias. Além das demografias conhecidas (kodomo, shounen, shoujo, seinen e josei), tem mangá de tudo que é tema: histórias de fantasia, romance, biografia, ficção científica, drama, escolar, a lista é enorme. Porém uma coisa que eu senti lendo alguns títulos é que os mangakás têm mais liberdade para tratar de alguns assuntos do que aqueles que são adaptados para anime.

É bem comum achar mangás que falem de temas como bullying e depressão de uma forma mais realista e até dura de lidar. Talvez por conta da mídia de mangá não ser exibida numa rede de televisão enorme, algumas das histórias publicadas possuem mais liberdade criativa do que os mangakás de revistas shounen— provavelmente por conta do seu grande potencial marquetável—que por muitas vezes tem seus rumos ditados pelos editores. Claro, o editor ajuda bastante e opina no que pode melhorar, porém é inegável que certas obras continuaram somente por pressão editorial, que, ao ver o sucesso da história, mantém ela viva até que o próprio mangaká ou a editora decidam encerrar.

Se um mangá não passa no ranking de popularidade, além de seu iminente cancelamento, a história pode acabar tendo uma finalização abrupta e muito da trama se perde ou é mal trabalhado. Essa é uma sina dessa indústria, se um mangá não fica popular, ele é jogado no limbo do esquecimento.

Emoções Através da Imagem

Os mangás oferecem uma experiência muito diferente dos animes porque toda a carga emocional das histórias precisa ser construída através do texto e do desenho. E se o mangaká souber fazer um bom trabalho, ele consegue transmitir isso de forma espetacular. Um dos maiores mitos acerca de mangá é que “ele não passa emoção por não ter dublagem e trilha sonora”.

Um dos melhores exemplos que posso dar é One Piece. Durante os eventos de Water Seven, temos o fim derradeiro de um dos primeiros integrantes da tripulação. A cena é feita de forma tão melancólica e dramática que eu me vi em prantos. Aconteceu a mesma coisa no arco atual, quando vimos os flashbacks de personagens importantes serem apresentados.

Se uma mídia escrita te faz sentir qualquer emoção, seja um livro, um quadrinho ou mangá, nenhuma trilha ou cores são necessários. O poder de transmitir sentimentos por meio da escrita e arte estática é um feito e tanto, se feito direito. Em mídias audiovisuais, a trilha sonora e a atuação são essenciais para passar esta emoção, porém no mangá, é a escrita e a arte os responsáveis por transmitir esses sentimentos.

E assim como no anime uma boa animação e direção dão “vida” à história, no mangá os temas abordados e a arte que vão ditar isso. Então sim, uma arte feita de qualquer jeito e uma história não muito boa prejudicam e MUITO a experiência de leitura. Apesar da leitura de um capítulo de mangá ser mais rápida do que assistir um episódio de anime, existem casos onde o ritmo da leitura fica lento e difícil de continuar. Felizmente, muitos mangakás conseguem transmitir bem a intenção de uma cena ou de um arco, graças a grande variedade de séries disponíveis para leitura. Em minha opinião, se até o mais simples dos mangás te faz sentir alguma coisa boa, já vale a leitura.

A História em Sua Íntegra

Uma das principais vantagens de se ler mangá é que, pela produção ficar por conta do autor e talvez alguns assistentes, a visão artística original está toda ali. Adaptações bem feitas são muito bem-vindas é claro, porém o trabalho de adaptação pode ou não diferir bastante do material fonte. Isso é visto principalmente em animes mais antigos, onde o recurso do filler (histórias escritas pela produção do anime, já que o sistema de temporadas não existia e a exibição da série se dava de forma contínua) era bastante utilizado. Existem casos onde a versão animada criava arcos originais inteiros, assim a produção do mangá teria conteúdo suficiente para continuar a história principal na TV. Usando terminologia de videogame, era como aquelas missões secundárias que você faz até se cansar e resolver retomar a missão principal.

Com a leitura do mangá, você tem acesso à história original, e também a como o/a mangaká faz a narrativa. E às vezes, por decisão da adaptação, certos detalhes acabam mudando de uma versão para outra. Um exemplo: em Nanatsu no Taizai, a forma como o personagem Gowther é apresentado na história difere no anime e no mangá, o primeiro inclusive cria toda uma história nova em cima do personagem. Qual versão você prefere, fica a seu critério (eu acho a versão do mangá melhor, porque o anime deixa extremamente óbvio a identidade do Gowther).

Naruto é outro exemplo de diferença de abordagem. No anime cenas do mangá recebem conteúdo novo que visam expandir o tempo do episódio, com eventos não pertencentes ao material fonte. Às vezes funciona, às vezes não. Lendo o mangá de Masashi Kishimoto, além de uma arte mais consistente, a história anda de forma mais dinâmica (menos no último arco, esse é enrolado nas duas versões).

Então se você deseja conhecer a fundo e de forma mais dinâmica o estilo e história de um artista, o mangá é a sua fonte para isso. Adaptações para anime/filme/live action/dorama sofrem leves alterações aqui e ali por conta da diferença de mídias e por decisão do diretor responsável. Existem casos onde a adaptação basta, ou outros onde o mangá se mostra mais viável.

O Lado Negativo

Eu falei brevemente sobre um dos lados negativos da indústria de mangá, contudo, acredito que este seja um tópico que mereça atenção, por ser talvez a grande desvantagem de ser um mangaká.

Toda revista (ou pelo menos as mais conhecidas) possui um sistema de ranking de popularidade. A cada nova edição, os leitores são convidados a votar nas histórias que mais gostaram, e isso estabelece um sistema para avaliar a popularidade de cada série publicada. As mais populares permanecem por mais tempo, enquanto as menos votadas vão caindo cada vez mais no ranking e eventualmente, canceladas. A título de comparação, é como se os mangakás fossem criadores de conteúdo e o rank de popularidade o algoritmo do YouTube.

Com a queda de popularidade, restam duas opções: ou o mangá é cancelado e fica sem final ou a história se encerra antes do previsto, com várias pontas soltas. Produzir uma história em quadrinhos de qualquer natureza é uma tarefa que leva bastante tempo, pois demanda tempo e esforço no enredo e arte, tudo isso em prazos curtíssimos. Os artistas trabalham muito mais do que as oito horas regulamentadas pela Organização Internacional do Trabalho, e dispõem de somente de 2 a 3 horas para comer e dormir. Claro que há casos onde os mangakás trabalham produzindo um capítulo por mês, porém, não deixa de ser um trabalho puxado, como qualquer outro que envolva arte.

Ou seja, além do ritmo intenso de produção, a história ainda precisa entrar nos rankings de popularidade, o que provavelmente gera uma enorme pressão na mente dos criadores. Caso parecido pode ser encontrado no ramo de animação, onde um animador médio de um grande estúdio ganha um valor irrisório por horas trabalhadas, sendo que cada episódio é composto por vários frames, e quanto mais fluída.a animação, mais frames são produzidos.

Para exemplificar, Masashi Kishimoto, autor de Naruto, declarou após a publicação do capítulo final da série que ele somente conseguiu ter sua Lua de Mel após o término do mangá, ou seja, ele deveu isso para a esposa por quinze anos. Outro caso digno de nota foi o ocorrido com Tite Kubo, autor de Bleach: existem rumores e teorias entre os fãs de que a Shueisha, dona da Shounen Jump, teria forçado o cancelamento do mangá antes da hora, pois ele se encontrava no meio de sua saga final e a posição dele no ranking de popularidade havia decaído a níveis significativos.

Então, ao mesmo tempo onde a indústria dos mangás pode criar histórias maravilhosas e inesquecíveis, ela pode ser cruel e encerrar a vida de uma história e às vezes a carreira de um mangaká. O sistema de popularidade, os horários intensos de trabalho e a pressão para se manter relevante são reflexos de um problema da sociedade japonesa: o mercado de trabalho altamente competitivo. A busca por um emprego “digno” para ter valor como um “cidadão produtivo” cria uma mentalidade workaholic, questão essa que fez surgir até uma doença onde o indivíduo morre de tanto trabalhar. Buscando evitar isso, muitos jovens tornam-se reclusos e não arranjam empregos, focando seu tempo em jogos, animes e mangás(os famosos NEETs).

É uma realidade tão dura que tal competição incessante chegou até mesmo na arte, e uma mente cansada e estressada acaba não produzindo muito bem. Claramente existem exceções, porém a rotina de um mangaká não é fácil, e às vezes nem um pouco grata. E é exatamente por isso que esses artistas merecem muito reconhecimento e gratidão do que piadas sobre pausar a produção do mangá para jogar videogame.

Recomendações de Mangás

Para finalizar, eu gostaria de recomendar alguns mangás que eu gosto bastante e adoraria que vocês, leitores, conhecessem. Alguns estão disponíveis de forma oficial, enquanto que outros não. Seguem as recomendações:

Berserk

Berserk conta a jornada de Guts, um homem assombrado por demônios assassinos e fantasmas de seu passado. Ele carrega uma capa preta e uma gigantesca espada, que lhe renderam o título de Espadachim Negro. Contudo, por baixo de toda fúria e agressividade, existe um homem amaldiçoado pelo destino e imerso em dor e sofrimento.

Eu já declarei meu amor a Berserk neste espaço, porém não canso de exaltar o grande trabalho de Kentaro Miura e independente do destino de sua finalização, é uma obra de arte digna de seu apreço. Com uma arte fantástica, personagens marcantes e enredo muito bem escrito, Berserk é um dos melhores mangás já feitos e vale a recomendação.

Chainsaw Man

Em um mundo onde demônios e humanos coexistem, o jovem Denji viveu dezesseis anos de sua vida preso a uma dívida de seu pai com a Yakuza, desenvolvendo no rapaz o hábito de sempre estar em busca de dinheiro. Acompanhado de seu fiel cãozinho Pochita, um demônio motosserra, ele faz todo tipo de bico para conseguir quitar a dívida. No entanto, em uma reviravolta do destino, Denji é posto em uma enrascada e acaba a beira da morte, e tais circunstâncias fazem Denji e Pochita se unirem, surgindo assim o selvagem Chainsaw Man.

Sendo uma mangá completamente fora da caixinha, com ação frenética e arte incrivelmente detalhada, Chainsaw Man é um dos melhores mangás dos últimos dez anos já publicados na Jump e tem todo o potencial para ser um novo clássico. Sugiro que, caso você tenha interesse, leia a tradução oficial da Panini ou scans em inglês, porque as traduções em português brasileiro feitas por fãs sofreram com uma linha que puxa demais para a comédia, prejudicando muito a experiência.

Bokura no Hentai

Bokura no Hentai possui foco em três pessoas distintas, que praticam crossdressing por razões diferentes. Marika Aoki, nascida Yuuta Aoki, é uma menina trans que expressa seu verdadeiro eu usando roupas femininas e sonha em se tornar uma garota de verdade. Ryousuke Kijima se veste como sua irmã mais velha Yui para consolar sua mãe, que nunca superou a morte repentina dela. Osamu Tamura, aka Pallow, é um menino gay que se veste como mulher para agradar um garoto que ele gosta. Um dia, os três se encontram na vida real graças a um fórum e é neste ponto que a história se inicia.

Não se engane pelo nome, não é um mangá de sacanagem. A palavra “hentai” neste sentido se aplica a transformação, que é o pilar central da história. Bokura no Hentai aborda temas como sexualidade, luto e trauma de forma sensível e muito bonita, e o destaque vai para como a autora abordou a transexualidade da Marika com cuidado e respeito. Eu vivo recomendando ele para amigos, pois é uma obra que merece ser mais conhecida.

One Piece

Anos atrás, Gol D. Roger, o Rei dos Piratas, lançou uma proposta ao mundo: ele desafiou para qualquer um com coragem a encontrar seu tesouro, considerado o maior tesouro da história, que reunia tudo o que há de mais precioso em um lugar só, chamando-o assim de One Piece. Monkey D. Luffy é um jovem que desde pequeno sonha em se tornar o próximo Rei dos Piratas, e ao completar quinze anos, o garoto parte em uma jornada em busca não só do lendário tesouro, mas também de companheiros para sua tripulação.

Apontado pelo Guiness Book como o mangá mais vendido da história e uma das séries com maior tempo de publicação, One Piece faz jus a sua fama. É uma história com enredo bem amarrado, personagens apaixonantes e um mundo massivo e vivo, que se expande a cada arco. O mistério acerca do tesouro que leva o título da história mantém os leitores acompanhando a narrativa de Eichiro Oda por incríveis vinte e três anos.

Não se deixe levar pela quantidade de capítulos: apesar do número assustar de início, o ritmo do mangá é tão cativante que, sem perceber, você leu de dez a vinte capítulos sem notar. Manter um leitor interessado é uma arte que Oda conseguiu dominar, e somente agora as coisas parecem caminhar para o final. Eu considero esse o melhor shounen da Jump, e fica mais do que recomendado.

A Girl On The Shore

Koube Sato e Kousuke Isobe são dois adolescentes do Ensino Médio que não acreditam em relações genuínas. Um dia, os jovens solitários decidem iniciar um relacionamento sexual sem envolvimento emocional, porém, as coisas não saem tão simples quanto o planejado e o que começa só como sexo sem compromisso se torna uma questão sentimental.

Inio Asano não é um mangaká conhecido por sua sutileza. O traço e os temas abordados pelo autor sempre puxam mais para a realidade e tópicos da vida real, sem filtros ou mensagens bonitinhas. Tanto Boa Noite Punpun quanto Solanin tratam de temas mais maduros e tensos sem papas na língua, e A Girl On The Shore não é diferente, pois se trata de crítica aos relacionamentos descartáveis, uma prática muito comum entre os jovens da história. Posso dizer que de forma metafórica, essa obra é um tapa na sua cara, daqueles que você não esperava receber e por isso dói mais.

Inside Mari

Um jovem recluso não tem quaisquer ocupações na vida e tudo o que ele faz é matar tempo. Ele é vizinho de Mari, uma garota colegial que chama a sua atenção por algum motivo inexplicável. Um belo dia, porém, o jovem de alguma forma troca de corpo com ela e a história se baseia nele tentando voltar a seu corpo original.

Inside Mari é um mangá bem peculiar. Ao mesmo tempo em que possui esse elemento da troca de corpo, a história em si é bem realista e parece até que a temática “sobrenatural” não é explorada na trama. Porém, quanto mais descobrimos sobre a vida de Mari, mais conturbado se mostra o contexto onde ela vive e como nós às vezes idealizamos demais uma pessoa que mal conhecemos. Existe uma reviravolta que te pega de surpresa, só lendo para descobrir.

Onani Master Kurosawa

Kareru Kurosawa é um jovem do Ensino Médio que tem um hábito muito reprovável: por conta de sua falta de habilidades sociais, ele se masturba no banheiro da escola pensando nas garotas de sua sala, sempre fantasiando sobre ele estar na posição dominante. Um dia, porém, ele acaba sendo pego por uma garota ao sair do banheiro e ela pede um favor a ele, desenrolando assim toda a história.

Diferente dos mangás que comentei dessa lista, Onani Master Kurosawa não foi publicado em uma revista, o que o classifica como doujinshi, ou seja, um mangá independente. Porém, a forma como a história trata a questão do protagonista e fala de bullying da forma mais crua e realista possível já bastam para recomendar ele aqui. O tema sobre erro e redenção é o que guia boa parte da história e vale a pena ler ele sem saber nada, deixando a história te levar.

Considerações Finais

Muito obrigado a você por ter lido este texto até agora. Esse era um tema que eu queria falar já faz um tempo, porque ler mangá é uma coisa que eu gosto muito. Ele ficou um pouco maior que o normal, mas fiquei muito orgulhoso por ter escrito ele. Espero que este texto te ajude a começar a ler mais mangás ou que recupere seu ânimo nessa prática.

Até a próxima! E fiquem bem.

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Paladin Allvo
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Written by Paladin Allvo

Brasileiro fã de anime, mangá, joguinho e quadrinhos. Escrevo as coisas que penso e/ou vivencio.

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